Tu sabias que enquanto dormes eu fico te olhando? Fico tentando adivinhar o grau de curvatura que teu corpo faz quando deitas de lado. Mas logo me perco a contar as pintinhas nas tuas costas. Nessa contagem eu escorrego bem de leve meus dedos pela tua pele e sinto ela se arrepiar.
Adoro te fazer arrepiar, é como a consagração, é como estar perto do podium, sei que podes até estar num sono profundo, mas sentistes que eu estava ali contigo.
Passo um bom tempo tentando descobrir de que cor é essa penugenzinha no teu pescoço, que cresce logo que o cabelo acaba. Não consigo me decidir, mas acho que vou eleger o dourado.
Sempre que eu respiro bem fundo na tua nuca não é para sentir teu cheiro, esse eu já decorei. É mesmo para ver se consigo te aspirar um pouco pra dentro de mim e te soprar para fora quando a saudade doer demais, como agora.
Fico te olhando e te beijando, agradecendo cada pedacinho. Nessa busca eu encontro até uma pequena cicatriz, aposto que nem te lembravas mais dela, pois eu adoro homens com cicatriz. Normalmente as cicatrizes vêm cheias de histórias divertidas e tu sabes que bom-humor pra mim é tudo!
Sabes muitas coisas a meu respeito, outras eu ainda não te contei, precisamos dos nossos segredos para manter o mistério, certo?! Tu nunca vais me responder, eu sei, mas sei também que vais sorrir e me beijar daqui a pouco e a gente vai poder diminuir essa distância idiota.E o coelho não vive sem cenoura, nem a cenoura mereceria existir sem o coelho pra saboreá-la...
12/13/2007
Cantei, cantei...até ficar com dó de mim
Trago a doçura do seu amor entre os dedos e me espalho por aí.
Fica mais fácil quando me divido, ser uma única mulher faz eu sentir ainda mais a sua falta. Faz doer não ter seu olhar dentro do meu, seu corpo dentro do meu.
Divido a cabeça e os pensamentos pra não ter que ensaiar um novo sorriso. Ainda é quarta e a vida está difícil assim.
Guardo na boca um beijo quente pra te oferecer depois do jantar. Elaboro novas receitas pra te fazer se apaixonar mais. Pra eu me apaixonar mais. A vida está difícil assim.
Os pés descalços sonham alcançar o céu de estrelas, o chão tem pedra demais e eles cansaram de solidão...caminham lado a lado, mas não se tocam há tempos...precisam de mais emoção.
E eu me espalho ainda mais por aí. O peito aperta fundo e forte. Implora que eu pare, que eu desista, que eu descanse.
A vida está difícil assim.
A lua da noite passada você não me ofereceu, será que não teve tempo de olhar ou fui eu que escapei dos seus sonhos, sem nem perceber?Eu preciso de você. Preciso da sua voz. Preciso do seu hálito. Preciso do seu cheiro. Preciso respirar.
Fica mais fácil quando me divido, ser uma única mulher faz eu sentir ainda mais a sua falta. Faz doer não ter seu olhar dentro do meu, seu corpo dentro do meu.
Divido a cabeça e os pensamentos pra não ter que ensaiar um novo sorriso. Ainda é quarta e a vida está difícil assim.
Guardo na boca um beijo quente pra te oferecer depois do jantar. Elaboro novas receitas pra te fazer se apaixonar mais. Pra eu me apaixonar mais. A vida está difícil assim.
Os pés descalços sonham alcançar o céu de estrelas, o chão tem pedra demais e eles cansaram de solidão...caminham lado a lado, mas não se tocam há tempos...precisam de mais emoção.
E eu me espalho ainda mais por aí. O peito aperta fundo e forte. Implora que eu pare, que eu desista, que eu descanse.
A vida está difícil assim.
A lua da noite passada você não me ofereceu, será que não teve tempo de olhar ou fui eu que escapei dos seus sonhos, sem nem perceber?Eu preciso de você. Preciso da sua voz. Preciso do seu hálito. Preciso do seu cheiro. Preciso respirar.
12/07/2007
Ando escravo da alegria, hoje em dia minha gente, isso não é normal
Minha felicidade virou astronauta.
Anda na Lua, em Marte e Plutão.
Às vezes me abana lá de cima,
Noutros dias me espera no portão.
Anda na Lua, em Marte e Plutão.
Às vezes me abana lá de cima,
Noutros dias me espera no portão.
11/06/2007
Às vezes dá preguiça na areia movediça, quanto mais me mexo mais afundo em mim...
Então foi assim, de repente, que descobriu a verdade.Percebeu num pequeno gesto a saudade sofrida de uma semana sem seu olhar. Quando colocou os cabelos por trás da orelha, lembrou da mão dele. Lembrou da força com que a segura quando caminham, lembrou de quão leve ela é ao percorrer as suas costas e o quão forte pode se transformar...Correu a vista pelo quarto, não era nada...apertou o travesseiro contra o peito, o nariz esmagado na espuma buscou o cheiro que ela precisava pra respirar aliviada.Bom mesmo é saber que vale a pena tentar, se arrepender, correr atrás do que se acredita e voltar a tentar.Incrível como pequenas coisas tornam-se imensas no silêncio da solidão. Nada importa, nada consola, nada faz sentido.Cada dia é diferente, apesar da rotina e a força em acreditar que o melhor está próximo faz com ela acorde todos os dias, tome um banho demorado, escove os cabelos sem pressa e corra para não se atrasar. É sempre assim, faz tudo devagar até perceber que não tem mais tempo.Arrepende-se de não ter falado a coisa certa na hora exata, mas acalma-se quando pensa que nunca se tem a palavra que se quer, na hora que se quer...as palavras na vida dela têm vida própria, correm, se escondem, aparecem, fogem.Os cabelos voltam a cair nos olhos, agora fechados...assim ela permanece por horas, ou minutos. Sabe que precisa esquecer o que está à sua volta, que nada vai fazer o vazio se encher. Ela está exausta de viagens rápidas, de mochilas pesadas, de amigas longe. Ela quer apenas sentar e papear, sem metas, sem números, sem reuniões logo em seguida...quer liberdade para ousar e arriscar a pele numa nova tatuagem. Ela quer o mar por perto, mas não se alegra em tê-lo ali no próximo quarteirão. Ela quer brisa fresca, mas não se contenta com o trocado do vento, ela quer paz, mas não consegue acabar com a guerra dentro de si.Ela sou eu...
9/17/2007
Eu sou de paz eu sou do bem, mas não me deixe só...
Preciso ficar em quieta ao teu lado, cabeça apoiada no teu peito, ouvindo apenas o silêncio ruidoso do meu quarto. Preciso te provar que meu silêncio diz mais do que qualquer palavra que sai da minha boca.
Ela não sabe medir a minha vontade, não em palavras. Minha boca nunca soube se comportar.
Minhas mãos precisam te percorrer com urgência, para confundir minhas digitais com a tua pele. Não existe mais a mesma mulher, depois de ti eu tive que me reinventar. Mudar de tom, refazer a moldura da janela.
Meus livros pedem socorro, mas nem eles eu ouço mais, fiquei surda quando teu corpo me falou coisas bonitas.
Eu caminho até minha casa como quem está indo para um campo de concentração. Não sinto mais o teu cheiro na minha coberta e não enxergo mais o teu desenho no meu colchão.
Preciso de novas lembranças, as minhas estão cansadas, esgotadas de tanto alento.
Onde foi parar a minha pressa? A saudade do que ainda não vivi? O medo dos pés trilhando o meu caminho?
Tu me fizeste amarela de novo e tiraste das gavetas do armário a minha flor de cetim, guardada com cuidado pelo último morador.
Trouxeste de volta a flor, a menina, a vontade de me perpetuar.
Eu preciso ter certeza que a minha agonia será perdoada pela eternidade, mesmo que eu não possa ir pro céu contigo, já me basta subir às nuvens numa cama flutuante.
O amor me roubou o veneno de todos os dias, tirou o amargo da minha pele e eu descobri que não era vício, era hábito.
Volta pra eu redesenhar o meu sorriso num balão de gás, volta pra eu mergulhar meus pés na areia molhada, volta pra eu respirar debaixo d’água um suspiro sem fim. Volta pra me buscar. Volta?
Ela não sabe medir a minha vontade, não em palavras. Minha boca nunca soube se comportar.
Minhas mãos precisam te percorrer com urgência, para confundir minhas digitais com a tua pele. Não existe mais a mesma mulher, depois de ti eu tive que me reinventar. Mudar de tom, refazer a moldura da janela.
Meus livros pedem socorro, mas nem eles eu ouço mais, fiquei surda quando teu corpo me falou coisas bonitas.
Eu caminho até minha casa como quem está indo para um campo de concentração. Não sinto mais o teu cheiro na minha coberta e não enxergo mais o teu desenho no meu colchão.
Preciso de novas lembranças, as minhas estão cansadas, esgotadas de tanto alento.
Onde foi parar a minha pressa? A saudade do que ainda não vivi? O medo dos pés trilhando o meu caminho?
Tu me fizeste amarela de novo e tiraste das gavetas do armário a minha flor de cetim, guardada com cuidado pelo último morador.
Trouxeste de volta a flor, a menina, a vontade de me perpetuar.
Eu preciso ter certeza que a minha agonia será perdoada pela eternidade, mesmo que eu não possa ir pro céu contigo, já me basta subir às nuvens numa cama flutuante.
O amor me roubou o veneno de todos os dias, tirou o amargo da minha pele e eu descobri que não era vício, era hábito.
Volta pra eu redesenhar o meu sorriso num balão de gás, volta pra eu mergulhar meus pés na areia molhada, volta pra eu respirar debaixo d’água um suspiro sem fim. Volta pra me buscar. Volta?
O importante é que eu cheguei agora, alegre como sempre, feliz a cantar...
- para Sabrina, Andreza e Priscila
Enfim, saudade! Quando você pensa muito em alguém que gostaria de ter por perto, pelo menos uma vez ao dia, sim...isso é saudade. E a saudade, em alguns casos, não é ruim, apesar de doer forte. A saudade é a prova física de que temos amor demais pra dar e receber. A saudade nos mostra que a distância é mesmo uma merda e que é preciso inventar logo o teletransporte. E quando a saudade acumula horas de conversa e anos de amizade ela dói mais fundo. E você precisa se movimentar com calma pra ela não mexer a lâmina afiada que lhe corta o coração. E ela fica sussurrando no seu ouvido piadas internas, músicas, letras e poemas. Faz você enxergar no horizonte um ônibus lilás, um gol branco, um ciclista qualquer...faz você ter rompantes e dizer "arruma a gola dele", faz até você queimar o gener...pobre gener e seu calção de corrida. A saudade faz você se refugiar na casa da árvore, chorar de medo do telhado que estala e das decisões que precisa tomar. Ela, vez em quando, grita e bate na sua cara quando você esquece as datas especiais, mas depois te libera a sensação de alívio quando lembra que será perdoada. A saudade também te aconselha a seguir em frente, a pular o precipício, porque certamente você terá três grandes abraços fortes te acolhendo depois da queda. A saudade se orgulha das suas vitórias, lá de longe, sorrindo. Ela analisa seus amores pelo buraco da fechadura e mesmo quando ele é do tamanho do seu sonho ela dá um palpite pra incrementar a história. A saudade odeia de morte os cretinos, acéfalos, esquisitos e casados. Odeia lembrar que machucaram as almas que você ama tanto. Odeia. Mas ela também afaga a vontade e diz pra ela que é só dar tempo ao tempo, que tudo se resolve, inclusive a distância. E se busca nessa hora um colo de seis mãos, cheias de idéias geniais e diferentes sobre a vida e a morte. Busca ajuda no pensar pulsante de uma grande amizade.
Enfim, saudade! Quando você pensa muito em alguém que gostaria de ter por perto, pelo menos uma vez ao dia, sim...isso é saudade. E a saudade, em alguns casos, não é ruim, apesar de doer forte. A saudade é a prova física de que temos amor demais pra dar e receber. A saudade nos mostra que a distância é mesmo uma merda e que é preciso inventar logo o teletransporte. E quando a saudade acumula horas de conversa e anos de amizade ela dói mais fundo. E você precisa se movimentar com calma pra ela não mexer a lâmina afiada que lhe corta o coração. E ela fica sussurrando no seu ouvido piadas internas, músicas, letras e poemas. Faz você enxergar no horizonte um ônibus lilás, um gol branco, um ciclista qualquer...faz você ter rompantes e dizer "arruma a gola dele", faz até você queimar o gener...pobre gener e seu calção de corrida. A saudade faz você se refugiar na casa da árvore, chorar de medo do telhado que estala e das decisões que precisa tomar. Ela, vez em quando, grita e bate na sua cara quando você esquece as datas especiais, mas depois te libera a sensação de alívio quando lembra que será perdoada. A saudade também te aconselha a seguir em frente, a pular o precipício, porque certamente você terá três grandes abraços fortes te acolhendo depois da queda. A saudade se orgulha das suas vitórias, lá de longe, sorrindo. Ela analisa seus amores pelo buraco da fechadura e mesmo quando ele é do tamanho do seu sonho ela dá um palpite pra incrementar a história. A saudade odeia de morte os cretinos, acéfalos, esquisitos e casados. Odeia lembrar que machucaram as almas que você ama tanto. Odeia. Mas ela também afaga a vontade e diz pra ela que é só dar tempo ao tempo, que tudo se resolve, inclusive a distância. E se busca nessa hora um colo de seis mãos, cheias de idéias geniais e diferentes sobre a vida e a morte. Busca ajuda no pensar pulsante de uma grande amizade.
E o pulso ainda pulsa
acorda.trabalha.corre.procura.atende.café.condução.
atraso.liga.demora.trânsito.filho.escola.lição.
escritório.estresse.dia.noite.horaextra.sufoco.avião.
cancela.voa.fome.frio.chegada.doença.reunião.
terno.camisa.gravata.calor.celular.bateria.tensão
noticia.assalto.morreu.jovem.velho.abandonado.prisão.
cadeia.traficante.verdade.mentira.final.política.televisão.
suor.sapato.confuso.cansado.doente.lixo.poluição.
atraso.liga.demora.trânsito.filho.escola.lição.
escritório.estresse.dia.noite.horaextra.sufoco.avião.
cancela.voa.fome.frio.chegada.doença.reunião.
terno.camisa.gravata.calor.celular.bateria.tensão
noticia.assalto.morreu.jovem.velho.abandonado.prisão.
cadeia.traficante.verdade.mentira.final.política.televisão.
suor.sapato.confuso.cansado.doente.lixo.poluição.
Quem saberá a cura do meu coração, se não eu
- Inspirado em Fabrício Carpinejar
Licença poética: “Sexo com amor, política com amor, ética com amor, amizade com amor é bem melhor. E natural. Ainda que demore, durará mais do que uma mentira.
Sempre fui passional, romântica, rasgada.
Sempre me joguei nos amores que tive, sempre me servi de bandeja, às vezes inteira, outras aos pedaços pra facilitar a vida de quem me devorava.
Sempre fui dramática, intensa. Sempre que agarrei aos amores como se fossem a minha única salvação nesse mundo sem paixão. Mas sempre voltei sozinha pra casa.
Sempre dormi agarrada aos travesseiros da infância, sempre usei calcinhas de algodão.
Sempre tive paixão. Pelos livros, pelas palavras escritas, pelas letras das músicas, pelos gatos, pelos homens do mar, pelo mar.
Sempre fui apaixonada pelas minhas idéias tortas, pelo meu trabalho que tão pouco me engrandecia como gente, pelos amigos que insistia em colecionar.
Mas nunca permiti que entrassem na minha vida os homens que eu amei. Julgava ser uma infeliz e incompreendida mulher quando na verdade eu estava apenas ensaiando um grande amor.
Faltava coragem para abrir as portas do meu quarto tão pequeno e conjugar o verbo na primeira pessoa do plural. Sempre fui só “eu”, não sabia ser “nos”. Cabia a mim amar sozinha, ser sozinha, sentir sozinha.
Assim amei meninos, pais-de-famíla, poetas. Assim julguei sentimentos e sensações.
Os pés sujos, as meias verdades que são pior que as mentiras, a distância, a falta de consideração e respeito, o medo e a covardia. Reunia todos esses sentimentos e mais uma vez me julgava a infeliz mulher que era tanto e ganhava tão pouco.
Tantos amores perdidos que eu considerava nunca mais reencontrar. Culpava os tolos que tentaram entrar, coitados, só eu sabia que a única que tinha a chave do portão era eu mesma. E eu não iria abrir de jeito nenhum.
Presava a minha liberdade, a minha sanidade e a minha castidade. Não queria que ninguém me invadisse assim, de qualquer jeito. Sexo com amor nem pensar, isso era intimidade demais.
Até você chegar. Sem aviso prévio, torto, com número errado e encontro desmarcado. Mas você chegou com as mãos vazias, com o peito escancarado e os olhos brilhantes.
Chegou por trás já adivinhando meus pontos fracos, já beijando minhas costas, já se enrolando nos meus cabelos.
Chegou sem desculpas, sem intenções. Simplesmente veio e sorriu. E me ninou nos seus braços e me fez menina, eu que só pensava em ser mulher.
E você orbitou o meu mundo de um jeito que acabei cedendo e te puxando pra dentro de mim, implorando pra você não parar, pra você não sair nunca mais.
E você ficou. E você me amou.
E só depois que você tomou posse das minhas terras, com garra, com força, com cuidado, só agora eu entendi o que é realmente ser livre.
Só agora eu entendi que você só entrou porque eu permiti e eu permiti porque você mereceu e você mereceu porque eu te ensinei o caminho e eu te ensinei o caminho porque você insistiu e você insistiu porque viu que valia a pena e você viu que valia a pena porque eu implorei pra você tentar e você tentou...e eu entendi...
E hoje eu te amo, simplesmente. E a maior prova do meu amor é justamente a minha dedicação sem cobranças, a minha fidelidade sem esforço, a minha atenção sem intenção, o meu sorriso sem cócegas, o meu corpo entregue sem resistência, a minha vida no plural.
Licença poética: “Sexo com amor, política com amor, ética com amor, amizade com amor é bem melhor. E natural. Ainda que demore, durará mais do que uma mentira.
Sempre fui passional, romântica, rasgada.
Sempre me joguei nos amores que tive, sempre me servi de bandeja, às vezes inteira, outras aos pedaços pra facilitar a vida de quem me devorava.
Sempre fui dramática, intensa. Sempre que agarrei aos amores como se fossem a minha única salvação nesse mundo sem paixão. Mas sempre voltei sozinha pra casa.
Sempre dormi agarrada aos travesseiros da infância, sempre usei calcinhas de algodão.
Sempre tive paixão. Pelos livros, pelas palavras escritas, pelas letras das músicas, pelos gatos, pelos homens do mar, pelo mar.
Sempre fui apaixonada pelas minhas idéias tortas, pelo meu trabalho que tão pouco me engrandecia como gente, pelos amigos que insistia em colecionar.
Mas nunca permiti que entrassem na minha vida os homens que eu amei. Julgava ser uma infeliz e incompreendida mulher quando na verdade eu estava apenas ensaiando um grande amor.
Faltava coragem para abrir as portas do meu quarto tão pequeno e conjugar o verbo na primeira pessoa do plural. Sempre fui só “eu”, não sabia ser “nos”. Cabia a mim amar sozinha, ser sozinha, sentir sozinha.
Assim amei meninos, pais-de-famíla, poetas. Assim julguei sentimentos e sensações.
Os pés sujos, as meias verdades que são pior que as mentiras, a distância, a falta de consideração e respeito, o medo e a covardia. Reunia todos esses sentimentos e mais uma vez me julgava a infeliz mulher que era tanto e ganhava tão pouco.
Tantos amores perdidos que eu considerava nunca mais reencontrar. Culpava os tolos que tentaram entrar, coitados, só eu sabia que a única que tinha a chave do portão era eu mesma. E eu não iria abrir de jeito nenhum.
Presava a minha liberdade, a minha sanidade e a minha castidade. Não queria que ninguém me invadisse assim, de qualquer jeito. Sexo com amor nem pensar, isso era intimidade demais.
Até você chegar. Sem aviso prévio, torto, com número errado e encontro desmarcado. Mas você chegou com as mãos vazias, com o peito escancarado e os olhos brilhantes.
Chegou por trás já adivinhando meus pontos fracos, já beijando minhas costas, já se enrolando nos meus cabelos.
Chegou sem desculpas, sem intenções. Simplesmente veio e sorriu. E me ninou nos seus braços e me fez menina, eu que só pensava em ser mulher.
E você orbitou o meu mundo de um jeito que acabei cedendo e te puxando pra dentro de mim, implorando pra você não parar, pra você não sair nunca mais.
E você ficou. E você me amou.
E só depois que você tomou posse das minhas terras, com garra, com força, com cuidado, só agora eu entendi o que é realmente ser livre.
Só agora eu entendi que você só entrou porque eu permiti e eu permiti porque você mereceu e você mereceu porque eu te ensinei o caminho e eu te ensinei o caminho porque você insistiu e você insistiu porque viu que valia a pena e você viu que valia a pena porque eu implorei pra você tentar e você tentou...e eu entendi...
E hoje eu te amo, simplesmente. E a maior prova do meu amor é justamente a minha dedicação sem cobranças, a minha fidelidade sem esforço, a minha atenção sem intenção, o meu sorriso sem cócegas, o meu corpo entregue sem resistência, a minha vida no plural.
9/05/2007
Onde quer que vá, vá para ser estrela. As coisas se transformam, isso não é bom, nem mau
Pra me inspirar eu escuto músicas tristes.
Gosto de histórias tristes, de sentir os acordes doendo dentro do peito, invadindo os ouvidos com uma arrebentação sofrida de mar preso no calçadão.
Pra me inspirar eu encho os olhos de lágrimas, lembro do pai e da mãe e isso sempre me faz chorar.
Algumas vezes eu não percebo, mas sinto uma dor enorme de escrever, de escrever e cantar, de cantar baixo e pra dentro, pra não atrapalhar quem está perto. Mas o choro é sempre pra fora. Hoje eu aprendi a chorar sem fazer barulho, é quase um segredo, não fosse pelo nariz vermelho ninguém perceberia.
Pra me inspirar eu lembro o Uno preto e a canção de Oswaldo, e eu sempre choro nessa hora.
Às vezes eu preciso parar para secar o rosto, pra respirar pela boca e congelar a alma que é louca e morre de saudade. A minha alma tem uma ânsia louca de correr pelas ruas gritando.
Pra me inspirar eu lembro os desastres que já causei, os corações humilhados que tranquei debaixo de tantos cadeados. Aqueles corações que foram usados só pra consertar a minha estima covarde de se mostrar.
Lembro do meu pobre coração que já foi partido tantas vezes e que continua se jogando nos abismos claros. O coração que nunca está contente e que roga por mais atenção, por mais atenção, por mais atenção.
Pra me inspirar e chorar eu procuro os recados que você deixa pra trás, eu busco uma carta não enviada, um texto mal escrito implorando ser terminado. Ouço Los Hermanos no último volume para poder me apaixonar mais um pouco.
Lembro do poeta, do menino, dos pés sujos trilhando minha casa...lembro que não fui feliz ao seu lado.
Às vezes dói a cabeça, o corpo fica pesado e a boca esquece de falar. O olhar fica perdido num ponto que não existe e a falta de vontade invade a sala sem janelas.
Tem dias que eu só penso em correr, pra longe, bem longe onde nada dê errado, onde a mania de demonstrar o que sinto não seja motivo de desculpas mais tarde.
Os dias se arrastam.
Pra me inspirar eu corro pra esquina, ajeito o decote e procuro um olhar de desejo.
Pra me inspirar eu lembro as primeiras palavras das crianças que amo, e nessas horas o riso sai frouxo, como pluma no vento da praia.
Eu penso forte. Ajo com destreza e ousadia, acredito que o melhor sempre vem, mas ele demora tanto.
Só que a alegria ganha força nessa hora e me inspiro sempre mais a ser feliz...demore o tempo que quiser, mas venha me encontrar felicidade. Vem que eu to inspirada!
Gosto de histórias tristes, de sentir os acordes doendo dentro do peito, invadindo os ouvidos com uma arrebentação sofrida de mar preso no calçadão.
Pra me inspirar eu encho os olhos de lágrimas, lembro do pai e da mãe e isso sempre me faz chorar.
Algumas vezes eu não percebo, mas sinto uma dor enorme de escrever, de escrever e cantar, de cantar baixo e pra dentro, pra não atrapalhar quem está perto. Mas o choro é sempre pra fora. Hoje eu aprendi a chorar sem fazer barulho, é quase um segredo, não fosse pelo nariz vermelho ninguém perceberia.
Pra me inspirar eu lembro o Uno preto e a canção de Oswaldo, e eu sempre choro nessa hora.
Às vezes eu preciso parar para secar o rosto, pra respirar pela boca e congelar a alma que é louca e morre de saudade. A minha alma tem uma ânsia louca de correr pelas ruas gritando.
Pra me inspirar eu lembro os desastres que já causei, os corações humilhados que tranquei debaixo de tantos cadeados. Aqueles corações que foram usados só pra consertar a minha estima covarde de se mostrar.
Lembro do meu pobre coração que já foi partido tantas vezes e que continua se jogando nos abismos claros. O coração que nunca está contente e que roga por mais atenção, por mais atenção, por mais atenção.
Pra me inspirar e chorar eu procuro os recados que você deixa pra trás, eu busco uma carta não enviada, um texto mal escrito implorando ser terminado. Ouço Los Hermanos no último volume para poder me apaixonar mais um pouco.
Lembro do poeta, do menino, dos pés sujos trilhando minha casa...lembro que não fui feliz ao seu lado.
Às vezes dói a cabeça, o corpo fica pesado e a boca esquece de falar. O olhar fica perdido num ponto que não existe e a falta de vontade invade a sala sem janelas.
Tem dias que eu só penso em correr, pra longe, bem longe onde nada dê errado, onde a mania de demonstrar o que sinto não seja motivo de desculpas mais tarde.
Os dias se arrastam.
Pra me inspirar eu corro pra esquina, ajeito o decote e procuro um olhar de desejo.
Pra me inspirar eu lembro as primeiras palavras das crianças que amo, e nessas horas o riso sai frouxo, como pluma no vento da praia.
Eu penso forte. Ajo com destreza e ousadia, acredito que o melhor sempre vem, mas ele demora tanto.
Só que a alegria ganha força nessa hora e me inspiro sempre mais a ser feliz...demore o tempo que quiser, mas venha me encontrar felicidade. Vem que eu to inspirada!
6/26/2007
Dá de lá bandeira qualquer, aponta pra fé e rema
Falta Delicadeza
Outro dia, conversando com a parte mais velha de mim concluí que falta ao mundo “delicadeza”.
Sim, simples assim...falta delicadeza ao telefone, no “obrigada” ao motorista, no “eu te amo mais que tudo”.
Falta delicadeza para perceber que uma discussão começou porque alguém precisava chamar a atenção e gritar “preciso de você do meu lado”.
Falta delicadeza aos amigos que deixam escapar as verdades mais duras. Essas verdades nem sempre são necessárias, sempre fui contra a sinceridade sem medidas.
Falta delicadeza à filha, que esquece as meias debaixo das cobertas, que esquece que as cobertas forravam a cama quente que a mãe arrumou com muita delicadeza.
Falta delicadeza na família que almoça junto todos os dias. A rotina os faz esquecer de retirar os pratos e limpar a alma na ponta da toalha.
Falta delicadeza ao casal apaixonado. Falta delicadeza no supermercado.
Falta delicadeza nas relações profissionais, todos gritam, todos têm razão.
Falta delicadeza ao tomar de leve os lábios, ao sussurrar nos cabelos de quem se quer bem.
Falta delicadeza nas respostas de e-mail, na internet em geral, que tornou frias as conversas de botequim. Aliás, faltam conversas de botequim. Faltam amigos pra bebemorar o prazer de respirar, de ver a lua minguante, de chegar em casa tarde da noite.
Falta delicadeza ao se apaixonar. Falta delicadeza no sexo selvagem, falta delicadeza nos encontros casuais. Faltou delicadeza outro dia, na minha casa, na televisão, nos jornais e notícias.
Falta delicadeza no modo de se sentar, de agir, de puxar o ar pra dentro dos pulmões.
Falta delicadeza ao estender os lençóis e recolher os pés.
Falta delicadeza para dizer “ei você, esquece de mim pra eu poder te esquecer”.
Falta delicadeza no trato. No prato. No ato.
Mas não precisa ser assim. É simples demais! É só fechar os olhos pra ver o mar, é só abraçar depois do amor, é só usar a boca pra desculpar, é só balançar os cabelos pra seduzir, é só deixar o vento levar as histórias pra longe.
Outro dia, conversando com a parte mais velha de mim concluí que falta ao mundo “delicadeza”.
Sim, simples assim...falta delicadeza ao telefone, no “obrigada” ao motorista, no “eu te amo mais que tudo”.
Falta delicadeza para perceber que uma discussão começou porque alguém precisava chamar a atenção e gritar “preciso de você do meu lado”.
Falta delicadeza aos amigos que deixam escapar as verdades mais duras. Essas verdades nem sempre são necessárias, sempre fui contra a sinceridade sem medidas.
Falta delicadeza à filha, que esquece as meias debaixo das cobertas, que esquece que as cobertas forravam a cama quente que a mãe arrumou com muita delicadeza.
Falta delicadeza na família que almoça junto todos os dias. A rotina os faz esquecer de retirar os pratos e limpar a alma na ponta da toalha.
Falta delicadeza ao casal apaixonado. Falta delicadeza no supermercado.
Falta delicadeza nas relações profissionais, todos gritam, todos têm razão.
Falta delicadeza ao tomar de leve os lábios, ao sussurrar nos cabelos de quem se quer bem.
Falta delicadeza nas respostas de e-mail, na internet em geral, que tornou frias as conversas de botequim. Aliás, faltam conversas de botequim. Faltam amigos pra bebemorar o prazer de respirar, de ver a lua minguante, de chegar em casa tarde da noite.
Falta delicadeza ao se apaixonar. Falta delicadeza no sexo selvagem, falta delicadeza nos encontros casuais. Faltou delicadeza outro dia, na minha casa, na televisão, nos jornais e notícias.
Falta delicadeza no modo de se sentar, de agir, de puxar o ar pra dentro dos pulmões.
Falta delicadeza ao estender os lençóis e recolher os pés.
Falta delicadeza para dizer “ei você, esquece de mim pra eu poder te esquecer”.
Falta delicadeza no trato. No prato. No ato.
Mas não precisa ser assim. É simples demais! É só fechar os olhos pra ver o mar, é só abraçar depois do amor, é só usar a boca pra desculpar, é só balançar os cabelos pra seduzir, é só deixar o vento levar as histórias pra longe.
É, morena, tá tudo bem...
Luana
Enquanto caminhava pela calçada ela percebeu um passarinho pousado na janela do vizinho. Naquela janela da casa amarela onde moravam o casal mais velho, o menino doente e a mocinha estudiosa. Parou para afagar o pássaro, que assustado voou na direção contrária.
Luana sempre caminhava pela calçada e sempre desejava tocar o pássaro colorido com as próprias mãos, quando tomou coragem e avançou em sua direção ele voou, deixando um rastro de lamento pelo ar.
Ela o seguiu com os olhos, mas o sol à pino a cegou por instantes, quando olhou em direção ao céu. Ela baixou a cabeça com firmeza e apertou os olhos pra compensar o brilho excessivo.
Nisso seus olhos brilharam ainda mais e coloriram sua imaginação com tons ainda mais fortes que os do pássaro da casa amarela.
Luana então sorriu pra dentro. Sorriu de alma, de coração. Sorriu com o pulmão e o estômago e sentiu que as asas do pássaro estavam dentro dela, fazendo cócegas na sua barriga.
Voltou a caminhar pela rua, afastando-se da casa amarela em direção ao seu futuro, que a cada minuto que passava virava presente e logo em seguida passado.
No conjugar de seus passos ela descobriu um ritmo diferente, e gostou e inventou outros. Ora balançando as cadeiras, ora embaralhando os pés.
Luana havia descoberto o pássaro colorido na casa amarela, na casa onde morava o casal mais velho, que casado há mais de 50 anos ainda namorava no portão. Ela sempre observou de longe os dois, de mãos dadas, de olhos dados, de braços dados, de almas dadas.
Achava divino os anos terem passado e o amor ter permanecido. Achava mágico os olhares de cumplicidade, a cabeça dela no ombro dele, a proteção.
Na casa amarela também morava o menino doente, decerto o neto desgarrado de um casal feliz. O menino que andava sempre tão branco como um fantasma de filme infantil. De casacos no calor ou no frio ele não brincava de pelada no meio da rua, não soltava pipas no alto no morro e não construía casa nas árvores. Era um menino doente de infância. Luana se comovia quando se deparava com ele. Lamentava a falta de amigos, e tinha certeza que essa era sua maior doença. Não compreendia como uma criança podia respirar sem aquela gritaria típica ao seu redor. Não aceitava aquela solidão doente de afeto, de troca de figurinhas, de banho de mar.
Mas Luana esquecia toda essa tristeza quando conversava com a mocinha estudiosa. Ah, que orgulho, ela pensava! A mocinha estudava porque gostava das palavras, dos números, das figuras difíceis e coloridas dos livros de ciências. E Luana era seduzida pelas conversas da mocinha, que tinha lábios grossos como os seus e cabelos que brilhavam mesmo no escuro. Luana tinha certeza que a mocinha também brilhava no escuro e que mesmo numa caverna assustadora ela estaria acompanhada de seus pensamentos profundos.
As duas nutriam a paixão pelo conhecimento, por entender e descobrir como tudo é feito. As casas, os carros, as pessoas. Mas a mocinha só tinha uma parte desse conhecimento. Quando falavam de por quês, era Luana que virava estudiosa.
Luana e seus pensamentos, Luana e seu pássaro de estimação. O pássaro que ela só descobriu ter dentro de si quando apertou os olhos. E foi quando apertou os olhos com força é que enxergou melhor. Luana e seu mundo colorido. Colorido cinza em dias tristes, e colorido arco-íris em dias de sol.
Luana que continua a conjugar os passos porque precisa chegar em algum lugar.
Talvez para abrir o portão do casal mais velho, talvez para salvar a infância perdida do menino doente, talvez para entender ainda mais o conhecimento da mocinha estudiosa.
Talvez pra algum outro lugar ainda mais longe, onde se fala outra língua ou onde se só tenha sol.
A verdade de Luana não estava no pássaro colorido, mas deve estar pousada em alguma janela por aí.
Enquanto caminhava pela calçada ela percebeu um passarinho pousado na janela do vizinho. Naquela janela da casa amarela onde moravam o casal mais velho, o menino doente e a mocinha estudiosa. Parou para afagar o pássaro, que assustado voou na direção contrária.
Luana sempre caminhava pela calçada e sempre desejava tocar o pássaro colorido com as próprias mãos, quando tomou coragem e avançou em sua direção ele voou, deixando um rastro de lamento pelo ar.
Ela o seguiu com os olhos, mas o sol à pino a cegou por instantes, quando olhou em direção ao céu. Ela baixou a cabeça com firmeza e apertou os olhos pra compensar o brilho excessivo.
Nisso seus olhos brilharam ainda mais e coloriram sua imaginação com tons ainda mais fortes que os do pássaro da casa amarela.
Luana então sorriu pra dentro. Sorriu de alma, de coração. Sorriu com o pulmão e o estômago e sentiu que as asas do pássaro estavam dentro dela, fazendo cócegas na sua barriga.
Voltou a caminhar pela rua, afastando-se da casa amarela em direção ao seu futuro, que a cada minuto que passava virava presente e logo em seguida passado.
No conjugar de seus passos ela descobriu um ritmo diferente, e gostou e inventou outros. Ora balançando as cadeiras, ora embaralhando os pés.
Luana havia descoberto o pássaro colorido na casa amarela, na casa onde morava o casal mais velho, que casado há mais de 50 anos ainda namorava no portão. Ela sempre observou de longe os dois, de mãos dadas, de olhos dados, de braços dados, de almas dadas.
Achava divino os anos terem passado e o amor ter permanecido. Achava mágico os olhares de cumplicidade, a cabeça dela no ombro dele, a proteção.
Na casa amarela também morava o menino doente, decerto o neto desgarrado de um casal feliz. O menino que andava sempre tão branco como um fantasma de filme infantil. De casacos no calor ou no frio ele não brincava de pelada no meio da rua, não soltava pipas no alto no morro e não construía casa nas árvores. Era um menino doente de infância. Luana se comovia quando se deparava com ele. Lamentava a falta de amigos, e tinha certeza que essa era sua maior doença. Não compreendia como uma criança podia respirar sem aquela gritaria típica ao seu redor. Não aceitava aquela solidão doente de afeto, de troca de figurinhas, de banho de mar.
Mas Luana esquecia toda essa tristeza quando conversava com a mocinha estudiosa. Ah, que orgulho, ela pensava! A mocinha estudava porque gostava das palavras, dos números, das figuras difíceis e coloridas dos livros de ciências. E Luana era seduzida pelas conversas da mocinha, que tinha lábios grossos como os seus e cabelos que brilhavam mesmo no escuro. Luana tinha certeza que a mocinha também brilhava no escuro e que mesmo numa caverna assustadora ela estaria acompanhada de seus pensamentos profundos.
As duas nutriam a paixão pelo conhecimento, por entender e descobrir como tudo é feito. As casas, os carros, as pessoas. Mas a mocinha só tinha uma parte desse conhecimento. Quando falavam de por quês, era Luana que virava estudiosa.
Luana e seus pensamentos, Luana e seu pássaro de estimação. O pássaro que ela só descobriu ter dentro de si quando apertou os olhos. E foi quando apertou os olhos com força é que enxergou melhor. Luana e seu mundo colorido. Colorido cinza em dias tristes, e colorido arco-íris em dias de sol.
Luana que continua a conjugar os passos porque precisa chegar em algum lugar.
Talvez para abrir o portão do casal mais velho, talvez para salvar a infância perdida do menino doente, talvez para entender ainda mais o conhecimento da mocinha estudiosa.
Talvez pra algum outro lugar ainda mais longe, onde se fala outra língua ou onde se só tenha sol.
A verdade de Luana não estava no pássaro colorido, mas deve estar pousada em alguma janela por aí.
5/24/2007
Ando devagar porque já tive pressa
Escolhi não mais pensar em tudo.
Não lamento as escolhas feitas.
Elas são sempre validas.
Não lamento os erros cometidos, nem mesmo as declarações de amor tortas que já fiz.
Não desejo voltar no tempo para resolver os enganos.
Apenas caminho, ora com sol a pino, pra com a escuridão.
Percebo a cada sorriso novas marcas de expressão, novas perspectivas de vitória, novos começos.
Nada de ficar estagnada, apenas não permito atropelar experiências.
Não lamento as dores que sofri, muito menos as que causei.
Para ambas há sempre um belo começo que só teve inicio naquele fim.
Desejo ainda a paz completa e perene, só não corro atrás dela porque assim ela me escapa entre os dedos.
Sinto, com orgulho, o latejar dos meus músculos exaustos depois do amor, o pulsar acelerado do meu coração, a febre da vontade que não passa.
Não me afogo na dúvida do depois, apenas sigo em frente pra continuar.
E nem que seja só por um instante, continuo a sorrir.
Não lamento as escolhas feitas.
Elas são sempre validas.
Não lamento os erros cometidos, nem mesmo as declarações de amor tortas que já fiz.
Não desejo voltar no tempo para resolver os enganos.
Apenas caminho, ora com sol a pino, pra com a escuridão.
Percebo a cada sorriso novas marcas de expressão, novas perspectivas de vitória, novos começos.
Nada de ficar estagnada, apenas não permito atropelar experiências.
Não lamento as dores que sofri, muito menos as que causei.
Para ambas há sempre um belo começo que só teve inicio naquele fim.
Desejo ainda a paz completa e perene, só não corro atrás dela porque assim ela me escapa entre os dedos.
Sinto, com orgulho, o latejar dos meus músculos exaustos depois do amor, o pulsar acelerado do meu coração, a febre da vontade que não passa.
Não me afogo na dúvida do depois, apenas sigo em frente pra continuar.
E nem que seja só por um instante, continuo a sorrir.
Como se a alegria recolhesse a mão pra não me alcançar...
Passo os dias desviando meu pensamento de você.
O pior é que você me persegue nos detalhes da vida, nos sussurros do vento e da tempestade.
Passo horas buscando uma nova atividade, um outro foco, esqueço que te amo e dou bola pra qualquer canalha que cruza o meu caminho.
Mas volto pra casa sozinha, no teto do quarto está seu sorriso desenhado e no colchão o formato dos nossos corpos abraçados. Fico com raiva do desconforto de dormir sozinha.
Talvez seja tarde pra tentar esquecer ou cedo demais pra mergulhar assim, tão profundamente, num desejo que nem eu entendo direito.
Não consigo parar. É mais forte do que eu, é indiscutivelmente mais forte do que todas as minhas vontades de ser esquecida.
O telefone pula na minha mão e os dedos discam eufóricos o seu número. Um, dois, três, quatro, cinco toques e do outro lado da linha está o silêncio. Odeio essa atitude fraca de te buscar no escuro, sempre andei de olhos vendados porque diabos essa mania de luz, agora?
Não quero mais te prender na garganta, preciso soltar esse grito que amarra a minha vida à sua respiração, preciso suspirar de alívio, não de tensão.
Onde foi parar minha independência, minha auto-suficiência?
Não sei se quero isso, se quero aquilo ou se quero os dois ao mesmo tempo.
Se acabar hoje já tenho programa pra amanhã, mas é sessão repetida e canso de escutar os lamentos da chuva. Preciso de você de volta, rápido, antes que eu desista de ser assim bonita.
O pior é que você me persegue nos detalhes da vida, nos sussurros do vento e da tempestade.
Passo horas buscando uma nova atividade, um outro foco, esqueço que te amo e dou bola pra qualquer canalha que cruza o meu caminho.
Mas volto pra casa sozinha, no teto do quarto está seu sorriso desenhado e no colchão o formato dos nossos corpos abraçados. Fico com raiva do desconforto de dormir sozinha.
Talvez seja tarde pra tentar esquecer ou cedo demais pra mergulhar assim, tão profundamente, num desejo que nem eu entendo direito.
Não consigo parar. É mais forte do que eu, é indiscutivelmente mais forte do que todas as minhas vontades de ser esquecida.
O telefone pula na minha mão e os dedos discam eufóricos o seu número. Um, dois, três, quatro, cinco toques e do outro lado da linha está o silêncio. Odeio essa atitude fraca de te buscar no escuro, sempre andei de olhos vendados porque diabos essa mania de luz, agora?
Não quero mais te prender na garganta, preciso soltar esse grito que amarra a minha vida à sua respiração, preciso suspirar de alívio, não de tensão.
Onde foi parar minha independência, minha auto-suficiência?
Não sei se quero isso, se quero aquilo ou se quero os dois ao mesmo tempo.
Se acabar hoje já tenho programa pra amanhã, mas é sessão repetida e canso de escutar os lamentos da chuva. Preciso de você de volta, rápido, antes que eu desista de ser assim bonita.
Quantas pessoas que você amava hoje acredita que amam você?
Minha mãe...
Desculpe se minhas mãos cresceram demais e esqueceram, lá atrás, os carinhos que alimentavam seu rosto bonito.
Desculpe se meu corpo acabou ultrapassando os limites do colo e não passo mais os dias lhe abraçando enquanto descasca batatas.
Desculpe-me.
Desculpe o cansaço dos pés exaustos que nem sempre me levam até você nos finais de semana. Ou por seguidos finais de semana.
Desculpe o humor instável de um dia duro que não poupa a minha boca de derramar calúnias aos seus ouvidos.
Obrigada, porque apesar de não ter mais esses olhos atentos eu continuo exigindo a sua compreensão. E você me oferece toda a sua vida quando percebe isso.
Sei que minhas bochechas agora precisam ser divididas entre tantos outros amores e que nem sempre sobra espaço pro seu beijo.
Preciso agradecer.
O coração de filha caçula aprendeu, desde cedo, a orbitar em torno de si mesmo e isso causa um certo mal estar sofrido.
Quando isso acontece eu recorro a você, sem o menor pudor, e uso seu amor como um bálsamo pras enfermidades da minha alma.
Desculpe se não agradeço como deveria.
Desculpe tantas desculpas, deveria transformá-las em ações, mas só sei fazer palavras escritas.
Desculpe se minhas mãos cresceram demais e esqueceram, lá atrás, os carinhos que alimentavam seu rosto bonito.
Desculpe se meu corpo acabou ultrapassando os limites do colo e não passo mais os dias lhe abraçando enquanto descasca batatas.
Desculpe-me.
Desculpe o cansaço dos pés exaustos que nem sempre me levam até você nos finais de semana. Ou por seguidos finais de semana.
Desculpe o humor instável de um dia duro que não poupa a minha boca de derramar calúnias aos seus ouvidos.
Obrigada, porque apesar de não ter mais esses olhos atentos eu continuo exigindo a sua compreensão. E você me oferece toda a sua vida quando percebe isso.
Sei que minhas bochechas agora precisam ser divididas entre tantos outros amores e que nem sempre sobra espaço pro seu beijo.
Preciso agradecer.
O coração de filha caçula aprendeu, desde cedo, a orbitar em torno de si mesmo e isso causa um certo mal estar sofrido.
Quando isso acontece eu recorro a você, sem o menor pudor, e uso seu amor como um bálsamo pras enfermidades da minha alma.
Desculpe se não agradeço como deveria.
Desculpe tantas desculpas, deveria transformá-las em ações, mas só sei fazer palavras escritas.
5/10/2007
Eu que sempre fui tão insconstante...
À espera
Sentei-me na praça a espera de alguém. Detesto ter que esperar por isso meus atrasos são justificáveis, pelo menos para mim mesma. Na falta do que fazer e pensar fiquei reparando na menina de cachinhos que brincava na caixa de areia. Que será dessa menina daqui uns anos, pensei. Quem serão seus pais?
Talvez o casal apaixonado sentado no banco em frente, tão preocupados com seus próprios desejos, tão ocupados com seus anseios e ciúmes, inseguros do próprio amor. Eles certamente não reparavam na fragilidade daquela menina, na imensa vontade dela de ser protegida e amada incondicionalmente. Não reparavam nos seus castelos que desmoronavam enquanto ela suplicava atenção com os olhos pretos de cílios tão compridos.
Ou talvez fosse a senhora mais velha, com os óculos dispostos na ponta do nariz, ar de formalidade e livro cuidadosamente apoiado sobre os joelhos. Os joelhos cobertos por uma grossa saia xadrez, tão fora da moda atual. A moda exigia coisas demais, eu pensei. A tal senhora poderia ser a mãe da menininha, ou talvez até avó, hoje em dia as mulheres estão tendo seus filhos cada vez mais cedo. Mas será? Será que aquela senhora não reparava na delicadeza daquelas mãos tão sujas de areia? Será que ela não se sensibilizava com a risada de satisfação a cada nova obra construída? Não se enternecia com aqueles cachinhos caindo sobre os olhos?
E a menina tinha o extremo cuidado de tirar o cabelo com um leve toque dos seus dedinhos, na primeira vez havia enchido os olhos de areia e parece ter aprendido sozinha, que todo cuidado naquela ação era necessário para não se ferir de novo.
Talvez a mãe fosse aquela jovem mascando chiclete que falava ao orelhão. A jovem que ria alto e que não sentia vergonha de estar sendo observada pelos ouvintes na fila esperando que sua interminável conversa acabasse. A jovem que levava ao pé da letra a moda atual...definitivamente ela gostava de mostrar as pernas! Mas ela não conseguia deixar de pensar somente em si, não poderia ser mãe de uma criança tão meiga, tão envolvida numa brincadeira de criar. Se ela fosse mãe da menininha certamente teria reparado as bochechas vermelhas do calor, os pezinhos espichados para fora da caixa, como quem quer ser resgatada. Certamente ela teria desligado o telefone e corrido ao seu encontro, oferecendo a ela um enorme sorvete como recompensa ao capricho com que havia construído seus castelos.
E se eu fosse a mãe da menina dos cachinhos? Será que assim como as outras pessoas eu não me comoveria aos seus encantos? Será que ela se tornaria comum aos meus olhos? Estava tão encantada com aquela criança que não percebi que também estava sendo observada. Ao encontrar meus olhos com outros olhos que me analisavam senti-me corar.
Logo surgiu uma mulher, dessas que trabalham pelo menos 8 horas diárias e bancam sua vida com dureza e honestidade. Calça jeans surrada e confortável, camiseta branca, chinelos de borracha. Os cabelos presos num rabo-de-cavalo denunciavam alguns cachos tentando desprender-se.
Ela abaixou-se, beijou a fronte da menininha, prendeu o cachinho que insistia cair com um pequeno grampo, limpou suas mãos e com palmadas suaves bateu a areia grudada na roupa. Sentou-se com ela na beirada da caixa e dedicou-se às suas pequenas descobertas na areia. Riu com ela das minhocas que surgiam, vibrou com ela, sorriu com ela, viveu com ela aquele momento mágico. Entre túneis e bichinhos feitos com fôrma de plástico as duas se entregaram aos prazeres da simplicidade.
Pensei, então, que quando o amor existe de verdade e há entrega e cumplicidade, tudo é possível. Tudo é renovado. Tudo é justificável. É preciso fazer com que ele aprenda sozinho algumas defesas, mas é preciso também resgatá-lo vez em quando. Mimar o amor. Afagá-lo dentro de si. Observá-lo de longe e deixa-lo florescer.
Nesse meio tempo quem eu estava esperando aconchegou-se ao meu lado no banco. As bochechas vermelhas da vinda pedalando, a mochila azul, o boné. Nas mãos uma flor. Mais uma! – eu pensei. Ele me trazia flores em todos os encontros. Flores roubadas, flores do próprio jardim, flores dos canteiros públicos. Beijou-me o rosto, e me mimou, e me afagou, e me provou, mais uma vez, que amar é simples.
Sentei-me na praça a espera de alguém. Detesto ter que esperar por isso meus atrasos são justificáveis, pelo menos para mim mesma. Na falta do que fazer e pensar fiquei reparando na menina de cachinhos que brincava na caixa de areia. Que será dessa menina daqui uns anos, pensei. Quem serão seus pais?
Talvez o casal apaixonado sentado no banco em frente, tão preocupados com seus próprios desejos, tão ocupados com seus anseios e ciúmes, inseguros do próprio amor. Eles certamente não reparavam na fragilidade daquela menina, na imensa vontade dela de ser protegida e amada incondicionalmente. Não reparavam nos seus castelos que desmoronavam enquanto ela suplicava atenção com os olhos pretos de cílios tão compridos.
Ou talvez fosse a senhora mais velha, com os óculos dispostos na ponta do nariz, ar de formalidade e livro cuidadosamente apoiado sobre os joelhos. Os joelhos cobertos por uma grossa saia xadrez, tão fora da moda atual. A moda exigia coisas demais, eu pensei. A tal senhora poderia ser a mãe da menininha, ou talvez até avó, hoje em dia as mulheres estão tendo seus filhos cada vez mais cedo. Mas será? Será que aquela senhora não reparava na delicadeza daquelas mãos tão sujas de areia? Será que ela não se sensibilizava com a risada de satisfação a cada nova obra construída? Não se enternecia com aqueles cachinhos caindo sobre os olhos?
E a menina tinha o extremo cuidado de tirar o cabelo com um leve toque dos seus dedinhos, na primeira vez havia enchido os olhos de areia e parece ter aprendido sozinha, que todo cuidado naquela ação era necessário para não se ferir de novo.
Talvez a mãe fosse aquela jovem mascando chiclete que falava ao orelhão. A jovem que ria alto e que não sentia vergonha de estar sendo observada pelos ouvintes na fila esperando que sua interminável conversa acabasse. A jovem que levava ao pé da letra a moda atual...definitivamente ela gostava de mostrar as pernas! Mas ela não conseguia deixar de pensar somente em si, não poderia ser mãe de uma criança tão meiga, tão envolvida numa brincadeira de criar. Se ela fosse mãe da menininha certamente teria reparado as bochechas vermelhas do calor, os pezinhos espichados para fora da caixa, como quem quer ser resgatada. Certamente ela teria desligado o telefone e corrido ao seu encontro, oferecendo a ela um enorme sorvete como recompensa ao capricho com que havia construído seus castelos.
E se eu fosse a mãe da menina dos cachinhos? Será que assim como as outras pessoas eu não me comoveria aos seus encantos? Será que ela se tornaria comum aos meus olhos? Estava tão encantada com aquela criança que não percebi que também estava sendo observada. Ao encontrar meus olhos com outros olhos que me analisavam senti-me corar.
Logo surgiu uma mulher, dessas que trabalham pelo menos 8 horas diárias e bancam sua vida com dureza e honestidade. Calça jeans surrada e confortável, camiseta branca, chinelos de borracha. Os cabelos presos num rabo-de-cavalo denunciavam alguns cachos tentando desprender-se.
Ela abaixou-se, beijou a fronte da menininha, prendeu o cachinho que insistia cair com um pequeno grampo, limpou suas mãos e com palmadas suaves bateu a areia grudada na roupa. Sentou-se com ela na beirada da caixa e dedicou-se às suas pequenas descobertas na areia. Riu com ela das minhocas que surgiam, vibrou com ela, sorriu com ela, viveu com ela aquele momento mágico. Entre túneis e bichinhos feitos com fôrma de plástico as duas se entregaram aos prazeres da simplicidade.
Pensei, então, que quando o amor existe de verdade e há entrega e cumplicidade, tudo é possível. Tudo é renovado. Tudo é justificável. É preciso fazer com que ele aprenda sozinho algumas defesas, mas é preciso também resgatá-lo vez em quando. Mimar o amor. Afagá-lo dentro de si. Observá-lo de longe e deixa-lo florescer.
Nesse meio tempo quem eu estava esperando aconchegou-se ao meu lado no banco. As bochechas vermelhas da vinda pedalando, a mochila azul, o boné. Nas mãos uma flor. Mais uma! – eu pensei. Ele me trazia flores em todos os encontros. Flores roubadas, flores do próprio jardim, flores dos canteiros públicos. Beijou-me o rosto, e me mimou, e me afagou, e me provou, mais uma vez, que amar é simples.
5/09/2007
Beijo na boca tem gosto de pitanga...
- e a resposta veio
Por que justamente quando você decide espalhar entre as melhores amigas seu novo amor, acontece isso...No tal texto você diz com todas as entrelinhas possíveis que vai abrir mão de tudo e todos. E num belo momento, entre uma tragada e um assunto, o outro liga.
Assim como se nada fosse, como se o Chile ficasse ali do lado da padaria do Sr. Ancelmo.
E você, com toda a cara de pau do mundo inteiro reunida a todas as caras de pau dos outros planetas, permite-se mais uma vez.
Essa deve ser, pelas minhas contas, a terceira despedida oficial. De fato elas são ótimas despedidas...pelo menos o que eu ouço é pura diversão!
Mas e aí?! Vai me dizer agora que o surf é um vício que não consegue largar, assim como as malditas palavras e o cigarro? Vai querer me convencer que é difícil dizer não, que você o ama, que é o cara certo.
Ora, convenhamos, você descobriu há tempos que existe prazer com amor, mas que existe muito prazer sem amor também. E como!
Assuma que se diverte com ele e é só. Assuma que sua carência absurda toma conta da sua boca fazendo ela dizer: “sim, pode vir” quando ela deveria dizer “ei, me mira, mas me erra!”.
Ah tá...então você admite que é mais uma das suas escapadelas da solidão...tudo bem, desse jeito eu aceito. Mas e o seu amor pelo Pequeno? Não ficou sufocado nos amassos da noite?!
Ou você agora vai me dizer que deixou o amor sentado no sofá da sala enquanto suava no quarto?
Quando você vai crescer e assumir o que sente e correr atrás disso e lutar com unhas e dentes e vencer, assim como faz todos os dias para sobreviver? Assim como programa e faz milagres com a grana dos malucos insuportáveis dos seus clientes. Se você consegue resolver tantos problemas, ser legal com tantas pessoas, ter amigos tão perfeitos, como é que não consegue enxergar que sua vida não pode continuar assim? Se você mesma não sabe o que quer ou o que sente como pretende que algum homem o faça? Vai lá, responde agora! Não é você que sempre tem uma resposta para tudo? Não é você que sempre tem um conselho ou uma piada para todas as situações? Não é você que inventa histórias para disfarçar a pouca vontade de estar sozinha?
Pois bem, penso que já falei demais, fique com as suas conclusões e me procure quando precisar desabafar. Jamais deixarei de te ouvir e sorrir, mesmo que eu não concorde com suas atitudes.
Apenas me preocupo com você e com essa mania de se boicotar todo o tempo.
...
Encarou o espelho, apagou a luz e deitou mais aliviada.
Por que justamente quando você decide espalhar entre as melhores amigas seu novo amor, acontece isso...No tal texto você diz com todas as entrelinhas possíveis que vai abrir mão de tudo e todos. E num belo momento, entre uma tragada e um assunto, o outro liga.
Assim como se nada fosse, como se o Chile ficasse ali do lado da padaria do Sr. Ancelmo.
E você, com toda a cara de pau do mundo inteiro reunida a todas as caras de pau dos outros planetas, permite-se mais uma vez.
Essa deve ser, pelas minhas contas, a terceira despedida oficial. De fato elas são ótimas despedidas...pelo menos o que eu ouço é pura diversão!
Mas e aí?! Vai me dizer agora que o surf é um vício que não consegue largar, assim como as malditas palavras e o cigarro? Vai querer me convencer que é difícil dizer não, que você o ama, que é o cara certo.
Ora, convenhamos, você descobriu há tempos que existe prazer com amor, mas que existe muito prazer sem amor também. E como!
Assuma que se diverte com ele e é só. Assuma que sua carência absurda toma conta da sua boca fazendo ela dizer: “sim, pode vir” quando ela deveria dizer “ei, me mira, mas me erra!”.
Ah tá...então você admite que é mais uma das suas escapadelas da solidão...tudo bem, desse jeito eu aceito. Mas e o seu amor pelo Pequeno? Não ficou sufocado nos amassos da noite?!
Ou você agora vai me dizer que deixou o amor sentado no sofá da sala enquanto suava no quarto?
Quando você vai crescer e assumir o que sente e correr atrás disso e lutar com unhas e dentes e vencer, assim como faz todos os dias para sobreviver? Assim como programa e faz milagres com a grana dos malucos insuportáveis dos seus clientes. Se você consegue resolver tantos problemas, ser legal com tantas pessoas, ter amigos tão perfeitos, como é que não consegue enxergar que sua vida não pode continuar assim? Se você mesma não sabe o que quer ou o que sente como pretende que algum homem o faça? Vai lá, responde agora! Não é você que sempre tem uma resposta para tudo? Não é você que sempre tem um conselho ou uma piada para todas as situações? Não é você que inventa histórias para disfarçar a pouca vontade de estar sozinha?
Pois bem, penso que já falei demais, fique com as suas conclusões e me procure quando precisar desabafar. Jamais deixarei de te ouvir e sorrir, mesmo que eu não concorde com suas atitudes.
Apenas me preocupo com você e com essa mania de se boicotar todo o tempo.
...
Encarou o espelho, apagou a luz e deitou mais aliviada.
Mas eu não vim até aqui pra desistir agora
- há tempos atrás...
Acordou 10 minutos antes do relógio despertar e não teve vontade de morrer por isso.
Ao contrário, pulou da cama e foi ao banho matinal, rotina que mantinha desde os tempos de colégio.
Ao voltar pro quarto percebeu-se passando muito mais camadas de hidratante que o habitual e rímel e lápis e perfume importado...foi aí que se deu conta!
Aquele gosto estranho na boca, aquela sensação na barriga (igual ela sentia quando lembrava de algo muito importante que havia esquecido) Os olhos mais brilhantes, os cabelos mais crespos, o sorriso mais sincero...estava apaixonada!
O fato estava consumado e a consumindo, nada mais podia ser feito. Adeus reclamações por não encontrar nenhum homem decente sobre a face da terra, adeus dias de ressaca moral por ter beijado um imbecil acéfalo, adeus culpa boba por sexo casual.
Estava invariavelmente apaixonada e com uma terrível vontade de trazê-lo rápido para sua vida, sua rotina, seus amigos, sua cama...
Sua vida estava à beira do precipício e ela estava achando ótimo!
A grande decisão agora era pular ou não pular!
Se jogar colocaria em risco várias outras intempéries as quais estava acostumada. Teria que largar definitivamente as reticências e o mar agitado. Nada mais de grandes ondas surfadas num cansativo e delicioso jogo de remar. Nada mais de textos sem ponto final.
Teria que abrir mão, inclusive, de seu poeta querido e todas as fantasias que projetava no teto do quarto, nas noites de insônia.
Pular do precipício poderia trazer danos já conhecidos como cicatrizes e luxações, ela já havia pulado lá de cima outras vezes e apesar da deliciosa sensação de queda livre, a chegada ao chão fora, diversas vezes, desastrosa.
Fitou o espelho, seu fiel escudeiro e reparou que a pequena ruga entre as espessas sobrancelhas estava lá, marcando o incômodo de não saber como agir.
Será que valeria a pena pular por um homem que a confundia?! Sim, porque ao mesmo tempo que ele era terno e preocupado, se mostrava distante. Quando as coisas esquentavam ele saía pela tangente. Ainda não entendia porque ele não avançava definitivamente o sinal, porque não a seduzia a ponto de se jogar nos seus braços, ela que estava sempre com o coração saltando e morrendo de vontade.
Mas ele também tinha desejos e vontades, ela sentia, não era mais tão ingênua...sabia que ele também queria, mas que ele preservava alguma coisa intocável...não tinha certeza se era um sentimento, um medo ou uma desculpa qualquer por um trauma, digamos assim, corporal.
Quem sabe o seu pequeno não se sentia avantajado suficiente para encarar sua fama de mulher fatal? Apenas suposições...apenas loucuras de sua mente criativa.
Ou fatos que não tinham explicação. Simples assim. Passou de longe, nos seus mais íntimos pensamentos, o fato de ele simplesmente não estar afim...mas foi um pensamento passageiro, sua auto-estima nas alturas jamais deixaria esse intruso retornar.
Pular ou não pular era uma decisão que precisava ser tomada, definitivamente.
Mas o relógio apontou o atraso, o ônibus que não a esperaria e as montanhas de papel que a aguardavam ansiosamente sobre a mesa eram a rotina que precisava encarar.
Esperaria mais um pouco para tomar sua decisão final. Lembrou-se então do combinado. O final de semana seria decisivo...depois do filme, de algumas cervejas e investidas ela observaria cautelosamente suas reações (suas e dele) e chegaria a uma conclusão. Será que chegaria?!
Vinte minutos de atraso e a corrida até o maldito enlatado amarelo que a levaria à cidade vizinha...um longo suspiro, uma conferida no decote, um sorrido para si mesma e rumo à vida real. No caminho só mais um pensamento: “pequeno, pequeno...eu quero muito! Por que diabos você não me quer?”.
Acordou 10 minutos antes do relógio despertar e não teve vontade de morrer por isso.
Ao contrário, pulou da cama e foi ao banho matinal, rotina que mantinha desde os tempos de colégio.
Ao voltar pro quarto percebeu-se passando muito mais camadas de hidratante que o habitual e rímel e lápis e perfume importado...foi aí que se deu conta!
Aquele gosto estranho na boca, aquela sensação na barriga (igual ela sentia quando lembrava de algo muito importante que havia esquecido) Os olhos mais brilhantes, os cabelos mais crespos, o sorriso mais sincero...estava apaixonada!
O fato estava consumado e a consumindo, nada mais podia ser feito. Adeus reclamações por não encontrar nenhum homem decente sobre a face da terra, adeus dias de ressaca moral por ter beijado um imbecil acéfalo, adeus culpa boba por sexo casual.
Estava invariavelmente apaixonada e com uma terrível vontade de trazê-lo rápido para sua vida, sua rotina, seus amigos, sua cama...
Sua vida estava à beira do precipício e ela estava achando ótimo!
A grande decisão agora era pular ou não pular!
Se jogar colocaria em risco várias outras intempéries as quais estava acostumada. Teria que largar definitivamente as reticências e o mar agitado. Nada mais de grandes ondas surfadas num cansativo e delicioso jogo de remar. Nada mais de textos sem ponto final.
Teria que abrir mão, inclusive, de seu poeta querido e todas as fantasias que projetava no teto do quarto, nas noites de insônia.
Pular do precipício poderia trazer danos já conhecidos como cicatrizes e luxações, ela já havia pulado lá de cima outras vezes e apesar da deliciosa sensação de queda livre, a chegada ao chão fora, diversas vezes, desastrosa.
Fitou o espelho, seu fiel escudeiro e reparou que a pequena ruga entre as espessas sobrancelhas estava lá, marcando o incômodo de não saber como agir.
Será que valeria a pena pular por um homem que a confundia?! Sim, porque ao mesmo tempo que ele era terno e preocupado, se mostrava distante. Quando as coisas esquentavam ele saía pela tangente. Ainda não entendia porque ele não avançava definitivamente o sinal, porque não a seduzia a ponto de se jogar nos seus braços, ela que estava sempre com o coração saltando e morrendo de vontade.
Mas ele também tinha desejos e vontades, ela sentia, não era mais tão ingênua...sabia que ele também queria, mas que ele preservava alguma coisa intocável...não tinha certeza se era um sentimento, um medo ou uma desculpa qualquer por um trauma, digamos assim, corporal.
Quem sabe o seu pequeno não se sentia avantajado suficiente para encarar sua fama de mulher fatal? Apenas suposições...apenas loucuras de sua mente criativa.
Ou fatos que não tinham explicação. Simples assim. Passou de longe, nos seus mais íntimos pensamentos, o fato de ele simplesmente não estar afim...mas foi um pensamento passageiro, sua auto-estima nas alturas jamais deixaria esse intruso retornar.
Pular ou não pular era uma decisão que precisava ser tomada, definitivamente.
Mas o relógio apontou o atraso, o ônibus que não a esperaria e as montanhas de papel que a aguardavam ansiosamente sobre a mesa eram a rotina que precisava encarar.
Esperaria mais um pouco para tomar sua decisão final. Lembrou-se então do combinado. O final de semana seria decisivo...depois do filme, de algumas cervejas e investidas ela observaria cautelosamente suas reações (suas e dele) e chegaria a uma conclusão. Será que chegaria?!
Vinte minutos de atraso e a corrida até o maldito enlatado amarelo que a levaria à cidade vizinha...um longo suspiro, uma conferida no decote, um sorrido para si mesma e rumo à vida real. No caminho só mais um pensamento: “pequeno, pequeno...eu quero muito! Por que diabos você não me quer?”.
5/08/2007
Essa é a barca para a Ilha do Mel...
- eu sei que vai passar rápido...
Estou arrumando tudo pra quando você chegar. Temos tempo eu sei, mas preciso de ordem pra te esperar.
No armário coloquei um ou dois sonhos impossíveis que é pra gente sonhar junto depois do despertar.
Guardei também os segredos nas gavetas para que possas desvendá-los...um a um...assim teremos sobras para amar entre um e outro.
Na cozinha eu caprichei e enchi a geladeira de idéias tortas, sorrisos doces, mãos suaves e até uns olhares ainda quentes. Reservei também algumas receitas de felicidade (dizem que não funcionam, mas acho que se prepararmos juntos vai ficar uma delícia).
Nas janelas pendurei cortinas finas que balançam com a brisa do mar. Comprei também um sol para gente usar em dia frio e aquela lua linda que é pro romance nunca acabar.
Não consegui jogar todas as lembranças fora. Aquelas mais bonitas eu coloquei na estante da sala que é pra todo mundo ver. As ruins encaixotei e tranquei no porão, se precisarmos (espero que não)saberemos onde encontrar.
Pra sacada eu chamei o vento e uma sombra pra refrescar Não esqueci da janela bem grande no quarto pra gente soltar fumaça depois de sonhar.
Expulsei os velhos medos e abri novas contas de vontade. Um investimento simples, mas que me trará sempre o desejo de ter você cada vez mais perto do meu olhar.
Deixei em cima da cama meu pijama preferido, bem esticado que daí fica ainda melhor pra você me amarrotar.
No meu peito coloquei toda a vontade, tá aqui, bem guardada, só te esperando voltar.
O tempo é longo, eu sei, parece se arrastar, mas a gente leva a vida assim mesmo, adiantando os sorrisos e os minutos pra poder comemorar.
- volta logo...
Estou arrumando tudo pra quando você chegar. Temos tempo eu sei, mas preciso de ordem pra te esperar.
No armário coloquei um ou dois sonhos impossíveis que é pra gente sonhar junto depois do despertar.
Guardei também os segredos nas gavetas para que possas desvendá-los...um a um...assim teremos sobras para amar entre um e outro.
Na cozinha eu caprichei e enchi a geladeira de idéias tortas, sorrisos doces, mãos suaves e até uns olhares ainda quentes. Reservei também algumas receitas de felicidade (dizem que não funcionam, mas acho que se prepararmos juntos vai ficar uma delícia).
Nas janelas pendurei cortinas finas que balançam com a brisa do mar. Comprei também um sol para gente usar em dia frio e aquela lua linda que é pro romance nunca acabar.
Não consegui jogar todas as lembranças fora. Aquelas mais bonitas eu coloquei na estante da sala que é pra todo mundo ver. As ruins encaixotei e tranquei no porão, se precisarmos (espero que não)saberemos onde encontrar.
Pra sacada eu chamei o vento e uma sombra pra refrescar Não esqueci da janela bem grande no quarto pra gente soltar fumaça depois de sonhar.
Expulsei os velhos medos e abri novas contas de vontade. Um investimento simples, mas que me trará sempre o desejo de ter você cada vez mais perto do meu olhar.
Deixei em cima da cama meu pijama preferido, bem esticado que daí fica ainda melhor pra você me amarrotar.
No meu peito coloquei toda a vontade, tá aqui, bem guardada, só te esperando voltar.
O tempo é longo, eu sei, parece se arrastar, mas a gente leva a vida assim mesmo, adiantando os sorrisos e os minutos pra poder comemorar.
- volta logo...
5/03/2007
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