Preciso ficar em quieta ao teu lado, cabeça apoiada no teu peito, ouvindo apenas o silêncio ruidoso do meu quarto. Preciso te provar que meu silêncio diz mais do que qualquer palavra que sai da minha boca.
Ela não sabe medir a minha vontade, não em palavras. Minha boca nunca soube se comportar.
Minhas mãos precisam te percorrer com urgência, para confundir minhas digitais com a tua pele. Não existe mais a mesma mulher, depois de ti eu tive que me reinventar. Mudar de tom, refazer a moldura da janela.
Meus livros pedem socorro, mas nem eles eu ouço mais, fiquei surda quando teu corpo me falou coisas bonitas.
Eu caminho até minha casa como quem está indo para um campo de concentração. Não sinto mais o teu cheiro na minha coberta e não enxergo mais o teu desenho no meu colchão.
Preciso de novas lembranças, as minhas estão cansadas, esgotadas de tanto alento.
Onde foi parar a minha pressa? A saudade do que ainda não vivi? O medo dos pés trilhando o meu caminho?
Tu me fizeste amarela de novo e tiraste das gavetas do armário a minha flor de cetim, guardada com cuidado pelo último morador.
Trouxeste de volta a flor, a menina, a vontade de me perpetuar.
Eu preciso ter certeza que a minha agonia será perdoada pela eternidade, mesmo que eu não possa ir pro céu contigo, já me basta subir às nuvens numa cama flutuante.
O amor me roubou o veneno de todos os dias, tirou o amargo da minha pele e eu descobri que não era vício, era hábito.
Volta pra eu redesenhar o meu sorriso num balão de gás, volta pra eu mergulhar meus pés na areia molhada, volta pra eu respirar debaixo d’água um suspiro sem fim. Volta pra me buscar. Volta?
9/17/2007
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