Lá longe, onde o céu encontra o mar é onde mora minha esperança.
Mora acompanhada de peixes e estrelas, sonha acordada e dorme feliz.
Minha esperança de que tudo vai ser, um dia, exatamente como eu imaginei. Vai ser perfeito e pra sempre.
Minha esperança não cansa, não desiste, não se afeta nas dificuldades. Morre um pouquinho a cada dia que passa sem o sol do seu olhar, mas renasce aos finais de semana, cheia de vida, de força e de luz.
Ela sempre morou longe, gosta da distância, sente-se mais protegida. Minha esperança é utópica e ainda pensa em viver de palavras soltas, ou de grandes porções de macarrão com calabreza.
Nos dias nublados ela fecha os olhos de leve pra sentir o cheiro do mar.
Nos dias de sol ela veste seus óculos grandes e respira fundo.
Nos dias de chuva ela agradece aos céus. Mas sempre chove quando ela planeja vestir os óculos e dá sol quando ela precisa desaguar.
Mas a esperança divina não renega os problemas. Assumi-os como a filhos desgarrados e convoca todos os outros sentimentos pra ajudar.
Minha esperança é confusa, desastrada, às vezes grosseira, mas ama incondicionalmente aqueles poucos e bons.
Ama como mulher, ama como filha, ama como amiga.
Minha esperança me faz levantar todos os dias e tentar sempre fazer melhor.
Minha esperança é você.
2/20/2008
"Passou o tempo e hoje eu vejo a maravilha de ser ter uma família, quanto tantos não a tem"
O Tempo, um senhor barbudo e de costas arqueadas, que sofre de terríveis dores nas juntas, já pediu licença pra poder passar. Eu era ainda muito menina e como não tinha pressa abri caminho para que aquele doce senhor pudesse prosseguir. Desde lá fiquei admirando a sua desenvoltura, a forma como ele ganha espaço e de repente some, e volta e desaparece novamente.
O Sr. Tempo sempre surge na minha frente e nunca consigo alcança-lo pra podermos conversar. O vejo passar, da janela dos meus quase 30 anos, assim como já vi muita gente por aqui, desde pequena eu uso o olho mágico da porta pra espiar quem vem.
Já vi mãe que não cabe em si de tanto amor, que oferece a vida em troca de um sorriso. A mãe que me escolheu como filha caçula, que não me planejou, mas que amou desde sempre essa peça pregada pelo destino. Quem diria que eu nasceria assim tão cabeluda?! Os vizinhos duvidavam da minha saúde. D. Lili já tinha quase 45 e a máxima daquele momento era a Sídrome de Down. Mas para contrariar tudo e todos, como sempre, eu vim bela e formosa.
Já vi pai chorando de dor de coração, mas não o coração que pulsa, esse coração muscular. Meu pai chorou uma dor de coração diferente, uma dor de perda, de não saber o que fazer.
Acho que ele chorou tão dolorido que o Sr. Tempo cedeu mais dias da sua caminhada para minha mãe. Meu pai chorou com medo de perdê-la.
Foram eles que me ensinaram que o amor não conhece o Sr. Tempo, e não se importa com a passagem dele, pelo contrário, o amor ri cada vez mais aberto com o passar do Tempo. E eu, que sempre fui de obedecer desobedecendo, achei que essa história de amor comigo não ia pegar.O sr. Tempo foi passando, foi me dando ancas largas e tirando a firmeza da pele. A vida foi andando e eu continuei a esperar.
Não seria tão divertido sem os irmãos por perto, é claro. Sem ter a Sandra a me educar, mostrando os caminhos certos e ensinando a falar. Falar alto, falar o que sente, falar pra fora. E me ensinando a cantar e a ter amigos. Muitos, sempre. Porque os amigos me fariam companhia em todos os momentos. Aprendi tão bem que hoje coleciono bons amigos de porta-retrato.
E tinha o Marinho, com sua atenção desmedida e um carinho infinito. E o André com seu olhar doce e seu abraço arrebatador. Que pedia cafuné e sanduíche. E que recebia sempre minha atenção redobrada, um ensaio, talvez, para a mulher que me tornaria. E o Adilson que me enchia de presentes lindos e caros. Que se preocupava com meu figurino nas festinhas e que me levava na Happy, a loja mais bacana da cidade.
E o Márcio com seu bom gosto musical e incrível. Com sua inteligência arrebatadora, com suas opiniões de esquerda, com a estrela vermelha cravada no peito. Foi com ele que eu bati pé e insisti em achar que a política pode funcionar e que acreditar é o primeiro passo para o sucesso do mundo. E a minha linda Cíntia, sempre severa consigo mesma e sempre tão altruísta. De onde ela poderia tirar tantas mãos pra estender? Nunca consegui descobrir, mas é a ela que meu coração recorre sempre, mesmo quando não precisa falar.
Minha família perfeita me ensinou a lidar com o Sr. Tempo, a dar tempo a ele, para que tudo se acalme dentro do peito. E se acalma mesmo, é só questão de tempo. E eu aprendi que no mundo sempre existe um sorriso pra olhar, um colo pra deitar e um amor pra amar.
Porque, mais uma vez contrariando as expectativas, o amor veio. De mansinho, quietinho, sem deixar recados. Veio na surdina, na festa despretensiosa, no olhar avassalador. E veio cheio de problemas e carências, exatamente do tamanho da minha vontade!
E o Sr. Tempo me acena de longe, com um sorriso discreto. E eu respondo correndo na vida, cumprindo seus horários e suas regras pra poder partilhar com pais, irmãos e amor uma vida cada dia melhor.
O Sr. Tempo sempre surge na minha frente e nunca consigo alcança-lo pra podermos conversar. O vejo passar, da janela dos meus quase 30 anos, assim como já vi muita gente por aqui, desde pequena eu uso o olho mágico da porta pra espiar quem vem.
Já vi mãe que não cabe em si de tanto amor, que oferece a vida em troca de um sorriso. A mãe que me escolheu como filha caçula, que não me planejou, mas que amou desde sempre essa peça pregada pelo destino. Quem diria que eu nasceria assim tão cabeluda?! Os vizinhos duvidavam da minha saúde. D. Lili já tinha quase 45 e a máxima daquele momento era a Sídrome de Down. Mas para contrariar tudo e todos, como sempre, eu vim bela e formosa.
Já vi pai chorando de dor de coração, mas não o coração que pulsa, esse coração muscular. Meu pai chorou uma dor de coração diferente, uma dor de perda, de não saber o que fazer.
Acho que ele chorou tão dolorido que o Sr. Tempo cedeu mais dias da sua caminhada para minha mãe. Meu pai chorou com medo de perdê-la.
Foram eles que me ensinaram que o amor não conhece o Sr. Tempo, e não se importa com a passagem dele, pelo contrário, o amor ri cada vez mais aberto com o passar do Tempo. E eu, que sempre fui de obedecer desobedecendo, achei que essa história de amor comigo não ia pegar.O sr. Tempo foi passando, foi me dando ancas largas e tirando a firmeza da pele. A vida foi andando e eu continuei a esperar.
Não seria tão divertido sem os irmãos por perto, é claro. Sem ter a Sandra a me educar, mostrando os caminhos certos e ensinando a falar. Falar alto, falar o que sente, falar pra fora. E me ensinando a cantar e a ter amigos. Muitos, sempre. Porque os amigos me fariam companhia em todos os momentos. Aprendi tão bem que hoje coleciono bons amigos de porta-retrato.
E tinha o Marinho, com sua atenção desmedida e um carinho infinito. E o André com seu olhar doce e seu abraço arrebatador. Que pedia cafuné e sanduíche. E que recebia sempre minha atenção redobrada, um ensaio, talvez, para a mulher que me tornaria. E o Adilson que me enchia de presentes lindos e caros. Que se preocupava com meu figurino nas festinhas e que me levava na Happy, a loja mais bacana da cidade.
E o Márcio com seu bom gosto musical e incrível. Com sua inteligência arrebatadora, com suas opiniões de esquerda, com a estrela vermelha cravada no peito. Foi com ele que eu bati pé e insisti em achar que a política pode funcionar e que acreditar é o primeiro passo para o sucesso do mundo. E a minha linda Cíntia, sempre severa consigo mesma e sempre tão altruísta. De onde ela poderia tirar tantas mãos pra estender? Nunca consegui descobrir, mas é a ela que meu coração recorre sempre, mesmo quando não precisa falar.
Minha família perfeita me ensinou a lidar com o Sr. Tempo, a dar tempo a ele, para que tudo se acalme dentro do peito. E se acalma mesmo, é só questão de tempo. E eu aprendi que no mundo sempre existe um sorriso pra olhar, um colo pra deitar e um amor pra amar.
Porque, mais uma vez contrariando as expectativas, o amor veio. De mansinho, quietinho, sem deixar recados. Veio na surdina, na festa despretensiosa, no olhar avassalador. E veio cheio de problemas e carências, exatamente do tamanho da minha vontade!
E o Sr. Tempo me acena de longe, com um sorriso discreto. E eu respondo correndo na vida, cumprindo seus horários e suas regras pra poder partilhar com pais, irmãos e amor uma vida cada dia melhor.
2/15/2008
"tanto fez, tanto faz, raio laser ou lampião a gás"
Então fica combinado assim.
Isso assim mesmo.
Certo, você jura que não vai voltar atrás?
Juro.
Posso confirmar então?
Sim, confirmadíssimo.
Tudo bem, mas você tem certeza?Tenho, garantido, pode confirmar.
Ok, então eu vou.
Beleza.
Estou indo, hein, não quer desistir?
Não, não quero.
Ainda dá tempo, tô avisando...
Não, já disse que está tudo certo.
Então tá bom, depois não reclame.
Não, não vou reclamar...
Estou fazendo a minha parte, você que sabe.
Sim, eu sei, tenho certeza.
Absoluta?
Mas que coisa, quer me fazer desistir?!
Não, claro que não, só quero ter certeza que você está ciente da sua decisão.
Estou.
Tá...
Tá o que?! Não acredita em mim?!
Acredito, acredito...
Não está parecendo.
É que eu fico com medo de você se arrepender depois...
Ah, estou te entendendo...você não quer vir, é isso!
Claro que não!Não quer vir???Não!!!! O não era pra sua afirmação.
Eu quero ir sim, lógico que quero.
Não está parecendo.
Ai, chega, minha cabeça já está confusa o suficiente.
Deixa pra lá, vamos beber o que?!
- e tudo isso dito no silêncio do nosso olhar.
Isso assim mesmo.
Certo, você jura que não vai voltar atrás?
Juro.
Posso confirmar então?
Sim, confirmadíssimo.
Tudo bem, mas você tem certeza?Tenho, garantido, pode confirmar.
Ok, então eu vou.
Beleza.
Estou indo, hein, não quer desistir?
Não, não quero.
Ainda dá tempo, tô avisando...
Não, já disse que está tudo certo.
Então tá bom, depois não reclame.
Não, não vou reclamar...
Estou fazendo a minha parte, você que sabe.
Sim, eu sei, tenho certeza.
Absoluta?
Mas que coisa, quer me fazer desistir?!
Não, claro que não, só quero ter certeza que você está ciente da sua decisão.
Estou.
Tá...
Tá o que?! Não acredita em mim?!
Acredito, acredito...
Não está parecendo.
É que eu fico com medo de você se arrepender depois...
Ah, estou te entendendo...você não quer vir, é isso!
Claro que não!Não quer vir???Não!!!! O não era pra sua afirmação.
Eu quero ir sim, lógico que quero.
Não está parecendo.
Ai, chega, minha cabeça já está confusa o suficiente.
Deixa pra lá, vamos beber o que?!
- e tudo isso dito no silêncio do nosso olhar.
2/08/2008
"nada vai mudar minha grudada em mim, nem meu rosto inchado de mágoa"
Chegou sozinha ao bar e foi recebida pela Tristeza, antiga boêmia conhecida que há tempos não via. Sentou-se na mesa do canto junto à Solidão e ao Constrangimento. Pediu uma cerveja e ficou calada até a chegada do Amor. Ele veio sério, trazendo na mochila as reclamações e incertezas. Quilos e mais quilos de incertezas.
Ela ficou insegura, como sempre. Tinha tantas dúvidas, tantas agonias trancafiadas na garganta...não entendia aquele olhar parado.
Precisava resgatar o Amor, traze-lo de volta ao seu colo, afagar a desconfiança para assim, descarta-la no texto mais próximo.
Mas o Amor ainda estava sério...tomou cigarro, fumou saudade, escreveu cerveja e confundiu os sentimentos para tentar se entender.
Depois de uns passos conseguiu perceber que o estrago nem era tão grande, e o abraço ainda envolvia seu corpo pequeno.
Cancelou a conta e pediu a saidera para comemorar, ele partiria em breve, mas prometeu voltar sem danos causados.
Basta agora esperar...e se entender...e se resolver...
Ela ficou insegura, como sempre. Tinha tantas dúvidas, tantas agonias trancafiadas na garganta...não entendia aquele olhar parado.
Precisava resgatar o Amor, traze-lo de volta ao seu colo, afagar a desconfiança para assim, descarta-la no texto mais próximo.
Mas o Amor ainda estava sério...tomou cigarro, fumou saudade, escreveu cerveja e confundiu os sentimentos para tentar se entender.
Depois de uns passos conseguiu perceber que o estrago nem era tão grande, e o abraço ainda envolvia seu corpo pequeno.
Cancelou a conta e pediu a saidera para comemorar, ele partiria em breve, mas prometeu voltar sem danos causados.
Basta agora esperar...e se entender...e se resolver...
"hoje eu quero sair só, não demora eu tô de volta"
Acordei assustada.
Procurei debaixo da coberta aquela mulher decidida, feliz da vida e não achei.
Não achei também a tia dedicada, atenciosa e conselheira. A tia caçula, que entendia os sobrinhos adolescentes e brincava de casinha e corrida de carrinho com os pequenos.
Fiquei desesperada.
Fui procurar então a filha carinhosa que sempre fui. Fucei pelos cantos do quarto e nada. Não achei a menina do papai, nem o dengo da mami. Não vi em parte alguma a filha doce e gentil.
Surtei.
No calor da hora eu fui então correr atrás daquela amiga genial e divertida que eu era. A amiga sempre disposta a ajudar, a ouvir e a tagarelar sobre a vida. Nada dela também.
Pirei.
Só me restou procurar a namorada apaixonada, segura, linda e feliz. Mas adivinhem? Ela também não estava lá. Não entendi muito bem o que aconteceu, nem quando aconteceu. Só descobri que daquele jeito não dava mais pra ficar.
Eu precisava desesperadamente me achar. Encontrar num jeito de arrumar o cabelo atrás da orelha que me fizesse voltar a ser completa, inteira e feliz.
Mergulhei num labirinto de perguntas, de lamentos, de saudades, um labirinto tão profundo que quase morri sufocada, ou melhor, quase me matei.
Por isso estou à procura de mim por aí. Se me vir em algum lugar, diga que estou esperando ansiosa a minha volta.
Que sinto falta dos cigarros despretensiosos na sacada, do sorrido no meio da tarde, de viver um dia depois do outro.
Avisa pra mim, se esbarrar comigo por aí, que faz uma falta danada aquele soninho depois do almoço, na cama dos pais, aninhada no colo da D. Lili. ouvindo o ronco do Sr. Mário vindo da sala ao lado.
Chega bem pertinho e me diz que as crianças estão sentindo a minha falta, que já não sou mais citada nas conversas de portas fechadas. Avisa que esqueceram o nome que dei ao bebê de brinquedo.
Convença a mim mesma que as amigas vão cansar de ligar e ouvir sempre um não, que desse jeito meu destino vai se enjoar de me fazer cruzar só com pessoas legais e vai me guardar num quarto escuro.
Não esquece de me lembrar o quanto o namoro era bom, leve, tranqüilo, gostoso.
Sei lá, dá um jeito de me fazer enxergar que eu sumi na vontade.
Que eu assumi não viver direito nenhuma das minhas necessidades e que desse jeito não dá pra continuar.
Qualquer coisa me liga, que o celular continua dormindo ao meu lado na cama.
Procurei debaixo da coberta aquela mulher decidida, feliz da vida e não achei.
Não achei também a tia dedicada, atenciosa e conselheira. A tia caçula, que entendia os sobrinhos adolescentes e brincava de casinha e corrida de carrinho com os pequenos.
Fiquei desesperada.
Fui procurar então a filha carinhosa que sempre fui. Fucei pelos cantos do quarto e nada. Não achei a menina do papai, nem o dengo da mami. Não vi em parte alguma a filha doce e gentil.
Surtei.
No calor da hora eu fui então correr atrás daquela amiga genial e divertida que eu era. A amiga sempre disposta a ajudar, a ouvir e a tagarelar sobre a vida. Nada dela também.
Pirei.
Só me restou procurar a namorada apaixonada, segura, linda e feliz. Mas adivinhem? Ela também não estava lá. Não entendi muito bem o que aconteceu, nem quando aconteceu. Só descobri que daquele jeito não dava mais pra ficar.
Eu precisava desesperadamente me achar. Encontrar num jeito de arrumar o cabelo atrás da orelha que me fizesse voltar a ser completa, inteira e feliz.
Mergulhei num labirinto de perguntas, de lamentos, de saudades, um labirinto tão profundo que quase morri sufocada, ou melhor, quase me matei.
Por isso estou à procura de mim por aí. Se me vir em algum lugar, diga que estou esperando ansiosa a minha volta.
Que sinto falta dos cigarros despretensiosos na sacada, do sorrido no meio da tarde, de viver um dia depois do outro.
Avisa pra mim, se esbarrar comigo por aí, que faz uma falta danada aquele soninho depois do almoço, na cama dos pais, aninhada no colo da D. Lili. ouvindo o ronco do Sr. Mário vindo da sala ao lado.
Chega bem pertinho e me diz que as crianças estão sentindo a minha falta, que já não sou mais citada nas conversas de portas fechadas. Avisa que esqueceram o nome que dei ao bebê de brinquedo.
Convença a mim mesma que as amigas vão cansar de ligar e ouvir sempre um não, que desse jeito meu destino vai se enjoar de me fazer cruzar só com pessoas legais e vai me guardar num quarto escuro.
Não esquece de me lembrar o quanto o namoro era bom, leve, tranqüilo, gostoso.
Sei lá, dá um jeito de me fazer enxergar que eu sumi na vontade.
Que eu assumi não viver direito nenhuma das minhas necessidades e que desse jeito não dá pra continuar.
Qualquer coisa me liga, que o celular continua dormindo ao meu lado na cama.
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