11/11/2008

Eu já era o que sou agora, mas agora gosto de ser!

Quando eu ainda existia sem você (sim, porque agora eu já nem existo mais) muitas coisas na minha vida eram diferentes.
Sabe, eu era aquela amiga solteira convicta, eu ensinava as de coração partido a recuperar a auto-estima, a fazer amigos na fila do banheiro e no balcão do bar.
Antes de você invadir minha respiração eu era aquela mulher que não queria compromisso, que saia todos os dias, que bebia várias tequilas pra facilitar a noite e tudo acabar rápido.
Eu sempre tive muitas amigas, e minha felicidade sempre dependeu muito da felicidade delas. Nós nos reuníamos a qualquer hora, sob qualquer desculpa, para horas a fio de conversas e mais conversas.
Eu tinha muito medo de perder isso para o amor maior. Nunca me entregava por inteiro porque achava que homem nenhum valia a obrigação de abrir mão das boas amizades.
E eu achava isso porque assisti de camarote muita gente fazer isso, e boba que era, acabei acreditando e tomando como regra.
Mas daí, ai ai, daí você apareceu no palco, bongô sacudindo ao som dos seus batuques e as minhas certezas foram todas se liquefazendo.
Eu não sabia pra que lado seguir, porque só via você na minha frente e nossa, eu queria muito te ter só pra mim.
Foi aí que as amigas facilitaram o caminho e te trouxeram pro meu lado, dois passos à direita, três à esquerda, duas cervejas, nenhum cigarro e depois do “preciso ir embora” foi seu beijo que me derreteu.
E, quem diria, derreto até hoje!
Foi então que eu tive que refazer todas aquelas considerações dentro de mim. Foi contigo que eu aprendi, às vezes a duras penas, que a gente precisa sim abrir mão de uma ou outra mania. Mas aprendi também que sem minha vida por perto eu não seria feliz e não sendo feliz também não te faria feliz.
E assim o ciclo acabou se fechando. Você me amando, eu me amando, te amando e você se amando.
Seus amigos num boteco de sinuca, minhas amigas numa mesa de bar, cervejas e filosofias pessoais e a gente virou um só, mesmo sendo dois.
Somos um só porque acreditamos nas nossas verdades e respeitamos as verdades um do outro. E a gente briga, é claro, porque a calmaria traz solidão e com a gente é sempre turbilhão.
E tem dias que dá vontade de fugir do teu humor cruel e me esconder debaixo da cama, com a poeira e a tic-tac vermelha que perdi há anos.
E tem dias que dá vontade de pular sem pára-quedas no colo das amigas essenciais e te xingar e chorar e morrer só um pouco pra te fazer sentir culpa.
Noutros dá uma coceira na barriga, um calor de dentro pra fora, uma saudade sentada sobre meu coração, que se aperta. E a única coisa que consigo desejar é seu abraço, seu sussurro, sua vontade de mim.
Eu sei que agora, contigo, eu posso muito mais e não preciso ser alguém diferente do que eu sempre fui.
E por isso que eu vivo cantado “eu já era o que sou agora, mas agora gosto de ser”.

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